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2010
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P – Funciona assim: Eu falo algo e você me diz, rapidamente, sem pensar, o que isso te lembra. Ok?
S – Tudo bem, se você diz.
P – Mas tu precisa dizer somente a verdade.
S – Done and Done.
P – Mas tu precisa dizer somente a verdade.
S – Done and Done.
P- Vamos lá: Harry Potter.
S - Hmm, você.
P – Cachoeira.
S – É. Bem... Você.
P – Café?
S – Você. Sabe como é, né?
P – Tequila!
S – Você.
P – Marshmallow
S - Hmm, você.
P – Cachoeira.
S – É. Bem... Você.
P – Café?
S – Você. Sabe como é, né?
P – Tequila!
S – Você.
P – Marshmallow
S – Você.
P – Baunilha
S – Você.
P – Baunilha
S – Você.
P – Londres? Árvore de Natal? Piercing? Sorvete? Sorriso? Fotos? Sol? Frio? Chuva? Dor? Vida?
S – Você. Você. Você. Você. Você. Você! Você, você, você, você e você, porra!
P – Preciso sair. Tchau pra ti.
P parece estar offline.
*Para fins de direitos autorais, declaro que as imagens utilizadas neste post não pertencem ao blog. Qualquer problema ou reclamação quanto aos direitos de imagem podem ser feitas diretamente com nosso contato.
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Cada um tem a Sofia que merece.
Aquela não era uma manhã comum, sabia-se desde que o sol decidiu nascer. Sentia-se na noite passada, fria, quando jantaram sopa. Então, aquela manhã era diferente. Via-se na cor, aspirava-se no aroma, ouvia-se nos ruídos ou na ausência dos mesmos. O mais importante: sentia-se na brisa. Fria. Nada habitual, a não ser o cansaço de Artur. Estava exausto há dias ou meses. Há quanto tempo sentia-se assim? Sua cabeça não parava. Ebulia em pensamentos desde que tiveram que mudar para um apartamento menor nos arredores do centro da cidade no ano passado ou retrasado. Preocupava-se com as contas de gás, água e luz. Pensava no trabalho. Como odiava o lugar, o chefe e a secretária. Mas, bem, dizia eu: aquela não era uma manhã comum.
Artur acordara havia meia-hora e permanecera na cama, como um retrato de sua noite, dividida em meias-horas. Levantara-se e caminhava para o banheiro enquanto a mulher dormia. Pegara a lâmina de barbear quando olhou pela primeira vez para o espelho do banheiro. A face cansada como se tivesse envelhecido anos nos últimos dias. Ou seriam meses? Enfim, barbeou-se. Na cozinha, tomou o café preto, forte, enquanto olhava para a sopa fria que Sofia preparara na noite anterior e que seria servida hoje também.
Sentia-se cansado quando cumprimentou o porteiro, apenas com um aceno e um meio sorriso caído, exausto. Caminhava para o trabalho. Não porque gostava, mas porque precisava. Apreciava exercícios físicos, frequentara uma academia por um tempo e o futebol de sábado era sagrado. O que não o agradava, mesmo, era caminhar. Apesar de estudos dizerem que tem o poder de acalmar. Às vezes, era como os doces que podem acabar com momentos de ansiedade de alguns e causar paranóias sobre calorias e gorduras em outras. Ou como a televisão que pode divertir e relaxar indivíduos e causar aquele repúdio a futilidade e um acesso de vergonha alheia em outros. Acontece que caminhava. Tomara um caminho diferente, afinal, aquela não era uma manhã comum. Pensava nos problemas, ou na falta de soluções e se perdeu em devaneios. Perdeu-se no caminho. E assistiu a um acidente entre um caminhão e uma mulher da idade de Sofia. Pôs-se a pensar na fragilidade da vida e nos segundos que podem mudar uma história. Para melhor ou pior. Como um acidente que te leva tudo embora: os sapatos, o amor, a vida. Ou como a vitória milionária em um jogo. Por que não ganhava nada em que apostava? Apostava na Sena regularmente, apostou na nova carreira, apostou num romance que todos eram contra. O fato é que caminhava, perdeu-se e chegou ao trabalho. Ainda perdido.
Entrou no lugar, cumprimentou a secretária, acenou com a cabeça e o meio sorriso sem graça que só ele sabia dar ao chefe. Sentou-se em frente ao monitor e começou a trabalhar. Digitou, digitou, e verificou o relógio. Cinco minutos. Pesquisou, copiou, colou. Três minutos. Apagou tudo, reescreveu. Dois minutos. Editou, modificou, não salvou. Um minuto. Hora do almoço.
Não sentia fome, acostumara-se a viver à base de café, cerveja e sopa. Foi apenas a padaria da esquina para afastar-se do trabalho e do restaurante aonde todos iam. Precisava de um ar diferente. Pensou em comprar um maço de cigarros. Nem fumava. Terminou por comer um misto e tomar uma Coca-Cola gelada.
Voltou à sala e ao ar condicionado. Sentou-se e admirou a foto de Sofia na sua mesa. Se é que se podia chamar aquilo de mesa. Era apertada, estranha e amarelada demais para o seu gosto. Mas combinava com a nostalgia e com o rosto da foto. Não era bela, mas era charmosa. Atraía a muitos caras e Artur não era realmente ciumento. Ou era, mas preferia guardar pra si, sempre. Enfim, pôs-se a teclar, clicar, telefonar. Fingiu que trabalhava até a hora em que decidiu: Precisava de um café!
Desviou da roda de conversa e se dirigiu a cafeteira. A máquina quebrada só possuía água fria. Como a brisa daquele dia, como a sala toda e a cadeira para a qual voltou. Digitava, apagava, reescrevia. Artur trabalhava ou fingia que o fazia. Até as dezessete horas, quando largou tudo, desligou o computador e tentou desligar os pensamentos. Passou pela secretária, com o seu sorriso sem graça e desviou-se do caminho do chefe. Apertou o botão do elevador. Esperou. Um, dois, cinco minutos. Quanto tempo mesmo? Desceu as escadas.
Chegou à rua quase correndo, suava frio. Seguiu para a direção mais fácil: Em frente. Ou para a mais difícil. Depende do ponto de vista. Sem saber aonde ia, apenas corria.
Então, ele viu Carlos.
E o seguiu. E então viu Sofia. Mas ela não o via. Assistia a tudo e ninguém parecia perceber. Fato é que via os dois e sentia tudo. Tudo tão frio. Como a brisa daquele maldito dia. Fato é que via os dois e sofria. Sofria. Sofia!
*Para fins de direitos autorais, declaro que as imagens utilizadas neste post não pertencem ao blog. Qualquer problema ou reclamação quanto aos direitos de imagem podem ser feitas diretamente com nosso contato.
E o seguiu. E então viu Sofia. Mas ela não o via. Assistia a tudo e ninguém parecia perceber. Fato é que via os dois e sentia tudo. Tudo tão frio. Como a brisa daquele maldito dia. Fato é que via os dois e sofria. Sofria. Sofia!
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Querem me obrigar
Querem me obrigar.
Querem me obrigar a votar.
Querem me obrigar a me alistar.
Querem me obrigar a servir.
Querem me obrigar a jurar o que não quero.
Querem me obrigar a ser igual.
A ter o cabelo igual, a vestir um uniforme igual.
Querem me obrigar a ficar acordado.
Querem me obrigar a ficar alerta.
Querem me obrigar a não votar.
Querem me calar.
Querem me obrigar a gostar do mesmo.
Querem me obrigar a ouvir do mesmo.
Querem me obrigar a amar o que não amo.
Querem me obrigar a apoiar o que não acredito.
E agora eles querem me obrigar a (não) pensar, igual a eles.
O que eu não preciso.
Preciso de uma Claire, o que não quer dizer que quero uma Claire. Preciso de uma Emily, o que não necessariamente me faça querer uma. Preciso de uma heroína, alguém para me salvar. Não que eu deseje uma.
Quero deixar claro que sei que não é de você que preciso. Preciso de alguém para salvar meu dia, preciso de alguém para me mudar para melhor. Preciso de alguém muito melhor. Mas eu quero você: Tudo aquilo de que não preciso.
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Fruto Proibido
Parece-me óbvio que todos desejemos aquilo que não podemos ter. É assim, desde o começo dos tempos. Desde a primeira mordida do fruto proibido.
O ser humano tende a desprezar o que tem ou está ao seu alcance. Como se seus olhos, nariz e ouvidos passassem direto por aquilo. E então se vê, se sente e se ouve o que está distante.
Olhamos para a grama do vizinho e achamos que esta é muito mais verde que a nossa. Queremos o cortador do vizinho, que é muito mais moderno que o nosso e queremos as flores do vizinho para dar à mulher do vizinho.
Esquecemos que temos um gramado menos verde por falta de cuidados. E que nosso cortador é menos moderno, mas muito mais potente. Desprezamos que nossa guria deveria ser a maior flor de todos os jardins do bairro, da cidade... Do mundo!
Desejo tudo o que não posso ter. A cada dia tenho mais certeza disso.
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