Acho que queria começar contando o quão distraído sou. Eu perco tudo. Carteira, chaves e roupas... Sim! Eu perco roupas e não estou falando sobre um pé de meia. Eu chego um dia, vou procurar aquela blusa querida (geralmente, a única que combina com a roupa inteira que eu já estou vestindo e, no caso, eu estou atrasado pra caralho) e: cadê? Se você anda de metrô e ônibus, já deve ter achado uma touca ou agasalho meu. Se você é meu amigo, com certeza tem uma camiseta na sua casa que você não sabe de quem é. É minha, tá? Se você é minha ex-namorada (e tá lendo esse texto!), pode jogar fora as cuecas que estão por aí, eu não devo voltar para buscar, ok? Eu tento evitar isso tudo ao máximo, tá? Não ache que sou um conformado. Eu luto para prestar mais atenção onde coloco as coisas (agora eu adotei a prática de guardar as mesmas coisas sempre nos mesmos bolsos da mochila, por exemplo), mas há algum tempo eu aprendi a aceitar que essa distração é só um ônus de ser um sonhador. Quando estou guardando algo na mochila no transporte público, minhas mãos executam a ação, mas minha mente, provavelmente, está prestando atenção nas gotas de chuva refletindo verde e vermelho na janela, enquanto eu ouço (ou imagino) Coldplay – Fix You e sofro de saudade de algo que eu nem tenho muita certeza o que é.
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